Os cavernomas são malformações capilares constituídas por vasos defeituosos, grosseiramente dilatados e sem musculatura lisa e tecido elástico revestindo suas paredes e repletos de sangue estagnado. Trata-se de uma lesão benigna (hamartoma), bem delimitada, com baixo fluxo sanguíneo, medindo entre 1 a 5 cm de diâmetro e no seu interior não há parênquima cerebral ou artérias/veias, o que os diferencia de outras malformações como telangiectasias, angiomas venosos e malformações artério-venosas. A prevalência na população é de aproximadamente 0,1%, (estimada por estudos de autópsias) e representa de 5 a 15% das malformações vasculares. Pode acometer qualquer faixa etária porém com um predomínio entre os 3 e 11 anos e entre os 30 e 40 anos de idade. Cerca de 50% dos casos o cavernoma é solitário, e os outros 50% podem ser múltiplos e 20% possuem histórico familiar.
Quanto à localização, 50 a 80% são supratentoriais, quase 30% infratentoriais, e apenas 5% encontram-se na medula espinhal. Os principais sintomas envolvendo essa lesão são: crises convulsivas em até 60% dos casos, déficit neurológico progressivo em 50%, hemorragia aguda, geralmente intraparenquimatosa, em 20% dos casos; hidrocefalia em cerca de 50% dos casos. Podem ser diagnosticados incidentalmente em exames de imagem, uma vez que esses têm se tornado amplamente disponíveis. A chance de sangramento chega a 3% ao ano, sendo essa chance quase 5 vezes maior em mulheres. Alguns fatores de risco impõem maior chance de sangramento como por exemplo gestação, histórico de sangramento prévio, cavernomas maiores do que 10 mm e em jovens. O padrão ouro para o diagnóstico dos cavernomas é a ressonância nuclear magnética, sendo patognomônico o achado de um núcleo reticulado circundado por um halo radiolucente. Nota-se ainda ausência de edema perilesional e muitas vezes puntiformes em gradiente-Echo. A tomografia computadorizada mostra sinais muito inespecíficos como lesão isodensa ou de hiperdensidade focal, que correspondem a hemorragias recentes ou às microcalcificações. Já a angiografia não tem qualquer valor diagnóstico nessas lesões. Alguns diagnósticos diferenciais devem ser levados em consideração: metástase cerebral de melanoma com apoplexia, MAV oculta, oligodendroglioma, xantoastrocitoma pleomórfico, teleangiectasia hemorrágica (doença de Osler- Weber-Rendu), múltiplas metástases, coriocarcinoma, entre outros. Os pacientes assintomáticos devem ser acompanhados de forma regular a cada 6 meses nos 2 primeiros anos e posteriormente anualmente, por tempo indefinido. Nesse período, considerações quanto ao tamanho, localização, condições clínicas do paciente, idade, sintomatologia e riscos cirúrgicos deverão ser abordados para uma possível decisão de tratamento cirúrgico. O tratamento das crises convulsivas pode ser feito com anticonvulsivantes com boas chances de controle, porém, uma vez que se torne refratário ao tratamento medicamentoso, a cirurgia deve ser considerada sendo a cura alcançada em até 80% dos casos. Já as lesôes sintomáticas com déficit focal, hemorragia sintomática e crises convulsivas recorrentes e refratária ao tratamento clínico, recomenda-se tratamento cirúrgico pelo alto índice de recorrência. O objetivo da cirurgia é a exérese total da lesão e além da ressonância pré operatória outros exames e recursos tecnológicos podem auxiliar na localização e planejamento operatório como a tractografia a estereotaxia e neuronavegação. As principais complicações envolvidas na cirurgia são: déficits de nervos cranianos e déficits motores, meningite e fístula liquórica. Uma vez ressecado a lesão completamente, o paciente está curado, sem chances de novo crescimento do cavernoma ou hemorragias. Após 3 meses da cirurgia recomenda-se nova ressonância para avaliar se a exérese foi completa.